Nunca tive grandes pretensões de conhecer Las Vegas e sempre achei muito cafona essa história de Disney para adultos: para quem gosta de andar por ruas reais não faz sentido conhecer uma versão alternativa de um lugar que está tão próximo dali.

Tudo bem, existe sim um certo sentido na comparação, e em breve iremos falar sobre isso, mas é muito limitador resumir sua experiência a ela: a capital da jogatina, que tem pouco mais de 100 anos e nasceu modesta em um lugar bem diferente dali, recebe quase 38 milhões de pessoas por ano e divide com Nova York e Orlando a preferência brasileira por destinos americanos – não é possível que tanta esteja errada!

Primeiras impressões de Las Vegas

Tamanho de Las Vegas

A região turística de Las Vegas é assustadoramente pequena, mas é incrível como não parece: com algumas exceções ela se restringe a Strip, uma avenida que reúne os hotéis mais concorridos da cidade e dezessete dos vinte maiores do país.

Strip é o caminho que começa no Mandalay Bay e segue em direção a torre do Stratosphere; os sete quilômetros principais da Las Vegas Boulevard, uma avenida que passa por boa parte da cidade em um caminho norte-sul cercado por deserto de todos os lados.

Bem, na verdade a Strip é ainda menor do que isso: ela termina no Fashion Show, ao lado do Encore. O trecho entre o Encore e o Stratosphere já não é Las Vegas – você pode ir de carro até lá, mas caminhar por esses quase três quilômetros é completamente dispensável.

No início foi difícil entender o que levava as pessoas a viajarem tanto para conhecer uma cidade que, de maneira geral, oferecia uma única rua como opção de entretenimento – mas o que falta frisar é que esses sete quilômetros conseguem comportar, entreter e alimentar 30 milhões de pessoas simultaneamente. Meu grande medo era planejar uma viagem de cinco dias em um lugar que poderia ser saturado em dois – santa ignorância: o que Las Vegas tem de pequena ela tem de densa.

Cinco dias não foram suficientes para conhecer todo o lugar. Deixei de lado pelo menos quatro hotéis que gostaria ter conhecido, não passei por nenhum dos dois famosos outlets da cidade e passei longe de ter tido uma viagem gastronômica a altura do que a cidade oferece por um motivo inesperado: exaustão completa, acho que nunca andei tanto e em tão pouco tempo.

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O New York New York bem no início da Strip, visto de longe e visto de perto | Imagem de Werner Kunz. Todos os direitos reservados

Trânsito e transporte público em Las Vegas

Mais uma vez voltemos a minha perplexidade inicial: trocar de costa no intuito de conhecer a cidade de uma rua apenas.

A avenida é grande e é nela onde quase tudo acontece. O trânsito só não é caótico porque não existem pedestres esperando pelo sinal fechar: várias passarelas suspensas dão dinamismo ao tráfego, carros usam entradas alternativas e o transporte público principal entre turistas não passa pelas ruas, mas por trilhos suspensos; apesar de caro, o Monorail é o mais utilizado entre os visitantes da cidade.

Falando sobre táxis é impossível não lembrar de quem os dirigem: será que de onde vieram esses a gente não consegue outros? Imagine fazer um intercâmbio delicioso levando alguns deles para Nova York na tentativa de contaminar os de lá com um pouco de graça e educação?

As corridas não são as mais baratas, mas com duas ou três pessoas vale mais rachar um yellow cab do que esperar pelo Monorail. Em alguns momentos, caminhar pela rua de um hotel a outro é mais rápido e prático do que conhecer hotéis vizinhos via Monorail ou transporte que interliga, gratuitamente, hotéis parceiros.

Em Las Vegas você andará mais do que imagina. Os hotéis parecem muito próximos quando você está em um e consegue ver o outro logo a frente: andar sete quilômetros em linha reta pode não ser complicado, mas ao entrar em um hotel você pode precisar de algumas horas até achar a saída mais próxima.

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Planet Hollywood iluminado | Imagem de Justin Brown. Todos os direitos reservados

Dinheiro e compras em Las Vegas

Sem visitar nenhum dos outlets da cidade ainda sim voltei levemente carregado para casa. Com a exceção do enorme Fashion Show que não pertence a infraestrutura de hotel algum, existem vários hotéis com verdadeiros labirintos onde é possível encontrar todo tipo de loja, das mais caras as fast-fashion que todo brasileiro gosta.

É engraçado como tudo gira entorno do hotel escolhido: além de seus restaurantes, lojas e outras opções de entretenimento, a experiência que você terá em Las Vegas vai de acordo com o hotel em que você está ou passa a maior parte do seu tempo.

Os endinheirados encontram as suas lojas preferidas nos hotéis mais caros da cidade: existem cinco Louis Vuitton ao longo da Strip, é quase uma loja por quilômetro – o engraçado é que a grande maioria fica vazia a maior parte do dia.

CityCenter é um ótimo exemplo disso: inaugurado em dezembro de 2009 com a pretensão de ser o maior núcleo de hotéis e torres residências da cidade, CityCenter tem as marcas mais caras da Europa, mas todas as lojas vivem vazias a maior parte do tempo.

Já as peças mais famosas e os restaurantes mais disputados possuem ótimos preços quando comparados com os de Los Angeles ou Nova York. É possível conseguir um bom lugar em um espetáculo do Cirque du Soleil e jantar em um restaurante com pratos assinados por um grande chefe em combos que não ultrapassam U$ 100, ou conseguir a mamata da vez, que são dois assentos pelo preço de um.

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As fontes iluminadas do Bellagio | Imagem de Justin Brown. Todos os direitos reservados

Comer e beber em Las Vegas

Las Vegas continua sendo a cidade do buffet, caso contrário as filas não seriam tão grandes. Esses lugares onde você paga um preço fixo e pode comer o quanto quiser sobreviveram as piores previsões de que chegariam ao fim depois que viessem as franquias de grandes chefes da Europa.

Enfrentando mais ou menos fila, com muito ou pouco requinte, em Las Vegas você poderá comer muito bem pagando aquilo que está disposto a gastar: você irá se surpreender com a quantidade de combos, pacotes e ofertas para leitores disso ou assinantes daquilo.

Eu que adoro revistinhas turísticas fui obrigado a deixar metade para trás: depois de cinco dias na cidade eu tinha mais de vinte na mala, todas com dezenas de cupons de desconto.

Hotéis parceiros fazem promoções casadas incluindo jantar e entretenimento, dois assentos pelo preço de um ou dão um belo desconto para a compra de três opções de espetáculo de uma só vez; assim eles garantem que você permaneça nos hotéis parceiros pela maior parte do tempo.

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Imagem de Justin Brown. Todos os direitos reservados

Turismo em Las Vegas

Em Las Vegas as pessoas são surpreendentemente simpáticas, solícitas e pacientes, inclusive com turistas que não falam inglês. A cidade poderia não ser americana, parece mais um primo distante que a gente tenta não contrariar: em momento algum pediram pelo meu documento em bares e restaurantes, aliás, caminhei bebendo pelas ruas e não precisei tampar a garrafa com papel pardo.

Já não me incomoda mais quem diz que Vegas é a Disney dos adultos: a cidade é mesmo um enorme Epcot aberto 24 horas por dia. Ela tem sim o seu lado barango e doentio, mas tente abraçá-lo em vez de refutá-lo.

Se você acha que Nova York é a cidade que nunca dorme, ficará surpreso com o pique de Vegas: a qualquer hora do dia e da noite você verá pessoas caminhando pelas ruas e perderá a noção do tempo depois de algumas horas dentro de um grande hotel.

Vegas é segura, foi feita para ser desfrutada, a pé, a qualquer hora do dia. Mesmo quem procura apenas um dos prazeres da cidade (compras, entretenimento, gastronomia, luxo ou jogatina) irá se entreter sem esforço por quatro ou cinco dias na cidade.

O melhor conselho vai agora: se você não se interessa por compras, sente falta de turismo histórico e gosta de museus e galerias, Vegas é a menos indicada. Ela pode ser o destino ideal para os solteiros e a viagem dos sonhos para os apaixonados, mas não é para todos: na capital do exagero os contidos podem não se adaptar.

Outras dicas do blog para programar a sua viagem:

  Já sabe onde ficar em Las Vegas? Eu gosto muito do Harrah's que é barato e super bem localizado, mas se puder gastar um pouco mais, fique com o MGM Grand ou com o Park MGM.

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10 COMMENTS

  1. Thiago, não é a primeira vez que que viajo com você em seus textos tão bem escritos e descritos.
    Acho que você conseguiu descrever las Vegas muito bem e isso me levou a algum tempo atrás quando estive lá pela primeira vez. Adoro a cidade e sempre que posso dou uma passada por lá.
    Esse seu texto sobre Las Vegas ficou muito melhor que qualquer artigo publicado nessas revistas de turismo que já lí. Parabéns e continue nos proporcionando essas delícias de informações.

  2. Thiago, minha primeira aventura no universo de planejamento de viagens foi para Las Vegas. Dois “passeios” motivaram a escolha: a Hoover Dam e o espetáculo “Love” do Cirque du Soleil. Fechamos um pacote de 10 dias e depois fomos procurar outras opções de passeios. Conhecemos muitas daquelas atrações dos hoteis da Strip (museu de carros, aquário, golfinhos, fontes…), mas também fomos ao Museu de História Natural e ao Museu Atômico, ambos fora da Strip. Também tiramos uma tarde para compras num Outlet e um dia para ir ao Grand Canyon, mas o resto do tempo foi todo na Strip.
    Eu gostei muito de Las Vegas. No fim das contas, acabamos fazendo muuuuuita coisa e ainda deixamos coisas de fora. Lá pelo terceiro dia, quando eu pisava no chão parecia que tinha agulhas na sola dos meus pés… no quarto e quinto dias, não sentia mais minhas pernas, hahahah!
    A minha impressão é que, para quem não conhece, Las Vegas se resume aos cassinos. Mas o que nós menos fizemos foi jogar, hehehehe! E, realmente, é uma cidade muito segura, a gente andava com a câmera pendurada no pescoço sem sentir o medo constante que nos ronda nas cidades brasileiras. Claro, há sempre o alerta com “batedores de carteira” nas muvucas, mas nada que preocupe.
    Ah, sobre transporte! Como ficamos no Circus Circus, usamos durante alguns dias os ônibus que sobem e descem a Strip, comprando aqueles passes de 24 horas. Depois de uns dias, fizemos as contas e verificamos que, como estávamos em 4 pessoas, saia até mais barato andar de táxi, dependendo da distância que iríamos percorrer. Não utilizamos o monorail nem uma vez…
    Mais uma vez, seu texto é muito elucidativo e eu espero contribuir ao compartilhar a minha experiência.