Sei que muita gente me acha louco por dizer isso, mas a verdade é que não sou apaixonado por Paris.

Uhm, você ainda continua aqui? Bem… Obrigado! Podemos não compartilhar da mesma opinião sobre Paris, mas posso ajudá-lo a entendê-la: fui conhecer Paris logo depois de passar uma semana em Londres e, bem, qualquer coisa logo depois de Londres tem lá a sua desvantagem.

Sei que mesmo que eu não reconheça essa cidade luz onde as pessoas se conhecem e se apaixonam, não posso negar que Paris tem sim o seu boreaugodot*:

Por do sol em Paris

Por do sol em Paris, por @cuellar

Não é necessário falar francês. Mesmo que as pessoas insistam em dizer que eles não falam qualquer outra língua que não o francês, um dia na cidade é o bastante para que você perceba que não falar a língua local também tem o seu charme: não só pelo boom étnico dos últimos anos, mas o país vem assimilando cada vez mais a influência de outras culturas e se empenhando na expectativa de fazer o turismo sanar uma parte da crise. Claro que respeito pela cultura é essencial (e um “excusez-moi” pode fazer milagres), mas o sotaque carregado de um turista educado é tudo que você precisa.

Turistas são bem recebidos. Fui bem tratado em Paris. É engraçado como brasileiros adoram se dirigir em português independente de onde estejam: brasileiros compram ingressos, perguntam por promoções e pedem instruções como se estivessem em casa, mas parisienses são pacientes, pode testar.

A luz que banha lá não banha cá. Eu gostaria de ter a participação de um físico, geógrafo ou poeta que explicasse como é possível Paris ter um sol só seu. É interessante como qualquer foto tirada ali tem o toque solidário do santo da fotografia; faça o teste você também: Paris é o único lugar onde a luz da seis da manhã só perde para a luz do meio-dia. Ou das quatro da tarde. Ou das sete da noite.

Parisienses podem ser rudes, o serviço pode não ser o melhor, mas faça amor, não faça guerra! Bem, existem mal-amados em qualquer lugar que se possa chegar, mas, acredite, franceses são gentis: eles seguram portas, cumprimentam e se despedem (“au revoir” é regra por lá). Geralmente franceses são educados com desconhecidos e pessoas que servem, mesmo que sirvam mal, mas existe sim a diferença entre franceses e parisienses que você nota viajando pelo país ou conversando com locais.

Ainda é possível dormir sem gastar muito. É apaixonante a ideia de visitar uma das cidades mais desejadas do mundo sem precisar investir grandes fortunas em hospedagem. Qualquer outra capital cultural é incrivelmente mais cara do que Paris: na capital francesa ainda é possível dormir por tarifas inferiores a 100 euros/dia. Os gastos com alimentação podem custar pequenas fortunas, mas ainda existem pratos do dia em lugares deliciosos por menos de 20 euros.

Paris é romântica. Estamos falando do lugar que deu o nome de “francês” ao beijo mais gostoso. Existem capitais multiculturais, divertidas e sacanas, mas Paris é legitimamente romântica: estamos na capital do piquenique, onde você pode estender a sua tolha e aproveitar a dobradinha queijo e vinho sem fazer cara de turista. Não acredito que seja a língua ou a comida deliciosa os responsáveis pelo romantismo da cidade, mas a admiração pela cultura local: franceses se orgulham da comida, da arquitetura, do vinho e das tradições locais, o que é contagiante!

A comida é deliciosa. A comida é deliciosa porque agrada a todos, e mesmo que rolem rios de manteiga, lembre-se que mulheres francesas não engordam. Paris do croissant, das baguetes, dos omeletes, crepes, quichés e frutos do mar, mas também do pato, das saladas, massa, vegetais e, uhmmm, Paris dos profiteroles! Geralmente não é muita comida em um prato só, mas porções menores em vários pratos, assim você come menos, experimenta mais e ainda pede a sobremesa!

* Substantivo masculino, “boreaugodot”, ou, do francês arcaico, “borogodeau”: ato ou efeito de possuir borogodó.

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21 COMMENTS

  1. Meu encantamento por Paris é uma coisa de outro mundo, eu morri de amores por Paris, me apaixonei de verdade, um coisa louca de sentir dores e lagrimas quando parti.
    Mas essa paixão avassaladora não foi compartilhada pelos outros membros da família, meu pai gostou muito, mas nada de extraordinário, minha mãe compartilha o mesmo amor, mas é por Amsterdam e como Paris veio depois acho que ela se sentiu fiel a Amsterdam, nada de morrer de amores por Paris, minha irmã adora, já foi milhares de vezes e continuará indo outras, mas nada que a faça chorar, ela gosta mesmo e vive em Amsterdam.
    Eu, novamente sou extremamente apaixonada aficionada e é o meu lugar no mundo, pretendo morar la em cinco anos, é uma meta.
    Paris, je t’aime!

    • Ahhh, meus pais foram no verão, eu fui no inverno europeu.
      Eles encontraram lugares lotados, pessoas suando…
      Eu encontrei lugares mais tranquilos, pessoas mais arrumadas e um frio delicioso na medida.
      Mas sonho em conhecer Paris no Verão, não vi o verde lindo da cidade, nem peguei a chuva nos dias de sol que o woody allen tanto ama, mas “minha” Paris é encantadora.

  2. Poxa Thiago, vc diz não gostar de Paris mas no seu post só fez comentários positivos!!! não entendi rs!!!
    Tive 2 experiências em Paris, uma solteira e outra casada e posso dizer que foram duas “cidades” diferentes. Como vc disse a cidade é muito romantica, estar acompanhado ou não faz toda a diferença!!!

    • Ei Clarisse! É porque Paris é cheia de pontos positivos, mas eu também consigo fazer uma lista dizendo “outras” coisas que aprendi sobre Paris, que é na verdade a parte que ficou mais latente :( Mas acredito que meu problema com Paris tenha sido o choque entre o que eu esperava e o que eu conheci. Bem, preciso voltar outras vezes!

  3. minha primeira experiência na Europa foi no ano passado. Fiquei 15 dias só em Paris. Minha segunda experiência na Europa será no ano que vem, em fevereiro. Ficarei 20 dias em Paris. A cidade é mágica, quando você sai da trilha dos turistas e suas grosserias (sim,quem é grosseiro na maiorias dos casos, pelo menos dos que eu presenciei, é o turista, e não o francês) e se deixa levar pela cidade, sem preconceitos e birras, é um sonho! Mas eu entendo perfeitamente o “não gostar”, e prefiro um milhão de vezes quem tem personalidade pra não gostar das coisas do que aqueles que “gostam” pra ser aceitos ou tem receio de expor sua opinião. Conheço bem a pressão.Tipo quando eu digo que ainda sou mais apaixonado por Buenos Aires do que por Paris ou Nova Iorque e sou quase linchado, hahaha. Belo post, Thiago!! Ah, e a luz em Paris é algo fora da realidade. Ela é a atração principal do meu novo blog de fotografia (marcocavalheiro.wordpress.com). Abração!!

    • Thiago, li seu post antes de ir pra lá e resolvi reler agora, e ver se minhas impressões batem com as suas rs Quando li a primeira vez, pensei: “Como ele não é apaixonado por Paris? Absurdo!” haha
      Sou daquelas apaixonadas por Paris desde criancinha e sinceramente não lembro como ou por que, mas Paris e New York são as primeiras paixões. E basta.

      Minha impressão dos seus 7 pontos…
      -Me virei bem com inglês, apesar de abusar da prima fluente em francês e que já morou lá.
      -Fomos muito bem recebidas mesmo, dão atenção, explicam, dizem que adoram o Brasil….
      -Também achamos uns rudes, mas onde não tem deles, não é? Diria até que paulistanos e paulistas são muito mais mal humorados, pois vivem com pressa, querendo chegar em algum lugar. Acostumada com isso, qq gesto de bondade faz com que eu me sinta em outro planeta.
      -Dormimos muito bem, em ótima localização, por um preço ótimo. Adorei alugar apto e viver alguns dias como parisiense. E realmente… “existem pratos do dia em lugares deliciosos por € 25.” E dá para saborear vinhos deliciosos sem sentir-se roubado.
      -Concordo absolutamente com tudo que parece tornar Paris apaixonante. Senti isso.
      -A comida é deliciosa! Até hoje lembro do que comi e quero voltar para experimentar muito mais.

      Tive a mesma experiência que você e cheguei a Paris direto de Londres… Esperava muito de Paris e depois de míseros 2 dias em Londres, chegando pela Gare du Nord juro que meu primeiro pensamento foi: “É isso que é Paris? Fedida? Suja? Feia? Desorganizada? Que zona de táxis e pessoas! Quero voltar para Londres já! Me tirem daqui!” Virei para minha prima com cara de “socorro!”, e ela diz: “Nossa, quero voltar para Londres”. Isso pq ela já morou lá e visitou outras tantas vezes.

      Respirei fundo e pensei que não poderia ser tão ruim, que tinha lugares melhores, mais bonitos, eu ia gostar. E gostei. E amei. Paris não é perfeita, não é organizada como Londres, mas tem um encanto, uma história, uma magia… um céu inexplicavelmente lindo. Tive o prazer de ver o pôr do sol por volta de 22h, com toda aquela paisagem e arquitetura… Inspirador. Foram 5 dias que me deixaram com vontade de voltar e explorar as histórias, arquitetura, os jardins, bistrôs, cafés… o cotidiano do parisiense. Conhecer o Sul, mais castelos. Para mim, Paris (talvez que toda a Europa) exala história, coisa que não sinto aqui.

      No fim, a paixão de criança virou amor. E vejo Paris e Londres muito diferentes, mas ambas apaixonantes. (Aliás, que educação dos londrinos! E simpatia! Sério, até bateu saudade. Se precisar de ajuda na próxima viagem… hahaha)
      Tomara que quando você voltar, descubra essa paixão. Torço por você! rs

  4. Amo Paris e n gosto de Londres. As pessoas estranham quando afirmo isso mas tenho direito de discordar, n é verdade? Pq n gostamos de um lugar que tão admirado pela maioria ?
    Provavelmente pq n nos identificamos com a cultura local e tudo que tenha a ver com tal país, cidade, lugarejo, etc…
    Simples assim!

  5. Pelo menos não sou a única que não ama Paris, mas eu sofri uns bocados lá.
    As coisas são lindas e a comida é boa, e eu queria MUITO sentir esse amor louco que o mundo tem com essa cidade.

    Mas é aquilo né, se for pra ser será.

    *ainda acho que outras cidades tem mais boreaugodot (adorei essa palavra, coloquei no meu dicionário pessoal já)

    Beijos!